15/10/2007

Dia do(a) PROFESSOR(A): uma reflexão político-pedagógica em Paulo Freire

Hoje, dia 15 de outubro, comemoramos o 'dia do(a) professor(a)'! Para além das festividades, é fundamental refletimos, como educadores(as), mas, sobretudo, como sujeitos políticos e históricos, sobre a nossa práxis!!! Segue um dos mais belos trechos escritos por Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido (p. 79). Vale a reflexão!!!

"Não há diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e aos homens. Não é possível a pronúncia do mundo, que é um ato, de criação e recriação se não há amor que a infunda. Sendo fundamento do diálogo, o amor é, também, diálogo. Daí que seja essencialmente tarefa de sujeitos e que não possa verificar-se na relação de dominação. Nesta, o que há é patologia de amor: sadismo em quem domina; masoquismo nos dominados. Amor, não. Porque é um ato de coragem, nunca de medo, o amor é compromisso com os homens. Onde quer que estejam estes, oprimidos, o ato de amor está em comprometer-se com sua causa. A causa de sua libertação. Mas, este compromisso, proque é amoroso, é dialógico. Como ato de valentia, não pode ser piegas; como ato de liberdade, não pode ser pretexto para a manipulação, senão gerador de outros atos de liberdade. A não ser assim, não é amor. Somente com a supressão da situação opressora é possível restaurar o amor que nela estava proibido. Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o diálogo.

Não há, por outro lado, diálogo, se não há HUMILDADE. A pronúncia do mundo, com que os homens o recriam permanentemente, não pode ser um ATO ARROGANTE. O diálogo, como encontro dos homens para a tarefa comum de saber agir, se rompe, se seus pólos (ou um deles) perdem a humildade. Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim? Como posso dialogar, se me admito como um homem diferente, virtuoso por herança, diante dos outros, meros ‘isto’, em quem não reconheço outros eu? Como posso dialogar, se me sinto participante de um gueto de homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os que estão fora são ‘essa gente’, ou são ‘nativos inferiores’? Como posso dialogar, se parto de que a pronúncia do mundo é tarefa de homens seletos e que a presença das massas na história é sinal de sua deterioração que devo evitar? Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até me sinto ofendido com ela? Como posso dialogar se temo a superação e se, só em pensar nela, sofro e definho?

A auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os homens que não têm humildade ou a perdem, não podem aproximar-se do povo. Não podem ser seus companheiros de pronúncia do mundo. Se alguém não é capaz de sentir-se e saber-se tão homem quanto os outros, é que lhe falta ainda muito que caminhar, para chegar ao lugar de encontro com eles. Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais".

2 comentários:

durcinea souza disse...

A reflexão deixa bem claro que a educação e um processo contínuo,que nos aproxima cada vez mais do outro,que trás para nos seus conhecimentos,sua experiencias,e nos gestores temos por obrigação acolher esses conhecimentos,essas experiencias e vivencia-las com amor e humildade,por que o saber não e só,e participativo,pois a cada experiencia é uma aprendizagem,a cada dialogo é um conhecimento e nenhum ser e dono da verdade.Por isso acredito que segundo Paulo Freire:"Neste lugar de encontro,não há ignorantes absolutos,nem sábios absolutos:há homens que em comunhão buscam saber mais".

Ana Maria disse...

Bom dia, carissímos colegas professores, parabéns a todos pelo nosso dia e a Simone Medeiros pela iniciativa do blog lançado hoje, dia tão importante para a educação. A reflexão político-pedagógico de Paulo Freire nos remete a uma introspecção sobre o que somos e o que almejamos alcançar como professora. assim como ele, acredito que em tudo que se faça nesta vida tem que ter uma boa dose de amor, de abnegação, de dedicação, de humildade para sermos capazes de compreender a si e ao outro, só assim seremos sujeitos históricos na caminhada que escolhemos para trilhar junto aos nossos alunos, aos nossos pais, a nossa comunidade.